Conheça a ciência da primeira xícara de café bebida no espaço

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Nascida em Milão, a astronauta Samantha Cristoforetti fez algo bastante italiano no domingo (3), em nome da ciência: tornou-se a primeira pessoa a beber uma xícara de café espresso no espaço.

“Espresso fresquinho na nova xícara de gravidade zero!” escreveu ela no Twitter. Cristoforetti está hospedada na Estação Espacial Internacional desde novembro.

Porém, mais do que permitir à astronauta saborear seu primeiro espresso em mais de cinco meses, o feito foi um “experimento muito sério sobre a física de fluídos”, segundo Roberto Battiston, presidente da agência espacial italiana. “Até domingo, não sabíamos exatamente como fluídos quentes reagiam sobre alta pressão. Agora sabemos”, disse Battiston.

Uma máquina de espresso especial, batizada como ISSpresso, foi desenvolvida para a missão pela Argotec, uma empresa de software e engenharia de Turim.

A ISSpresso foi colocada entre os experimentos e demonstrações técnicas que Cristoforetti, capitã da Força Aérea italiana, deveria levar até a estação, onde fica até o final do mês.

Tirar um espresso perfeito já é uma tarefa complicada na Terra: é preciso acertar a temperatura, pressão da água e a quantidade exata de café. Imagine fazer isso no espaço, onde as condições de microgravidade tornam a missão ainda mais difícil.

Por isso, a fabricante demorou dois anos para dominar essa tecnologia. “Desenvolvemos nosso hardware com base nos parâmetros para criar um bom café, considerando algumas medidas de segurança”, afirma Valerio DiTana, engenheiro da empresa.

A cafeteira de 20 quilos foi construída com componentes usados em maquinário militar, mais robusto. O sistema emite cheiro de café quando o canudo é enfiado na bolsa que contém a bebida. Duas abas permitem que o astronauta segure o recipiente sem queimar as mãos.

Mas talvez a parte mais importante da experiência seja a recém-desenvolvida xícara de microgravidade, que permite aos astronautas beber líquidos mais ou menos do mesmo jeito como fariam na Terra.

Obviamente, ela não é aberta: o café flutuaria dessa forma. Em vez disso, o líquido chega à boca do astronauta por capilaridade, técnica semelhante à forma como um papel-toalha absorve água. Além disso, a xícara envia dados, em tempo real, sobre o movimento passivo dos fluídos no espaço para cientistas em solo.

E pensar que tudo isso foi construído por causa de uma reclamação. Em junho de 2013, perguntado sobre o que mais sentiu falta no espaço, o astronauta italiano Luca Parmitano respondeu: “uma boa xícara de espresso”.

Fonte: Exame

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